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quarta-feira, 6 de julho de 2011

IMPRENSA, GRAMPOS, LEI E ÉTICA. No Brasil jornalista é indiciado por informar, na Inglaterra jornal é questionado por fazer escutas telefônicas.


No Brasil, um jornalista de São José do Rio Preto (SP) foi indiciado por haver feito uma reportagem tratando de uma investigação sobre corrupção de fiscais do Trabalho. O promotor público acha que o profissional da imprensa “quebrou o sigilo Judicial da investigação”. Enquanto isso, na Inglaterra a opinião pública está estarrecida pelas revelações de que um jornal (News of The World) teria grampeado os telefones de familiares das vitimas dos atentados terroristas de julho de 2005.

No caso do Brasil, as investigações que foram reveladas, tiveram o sigilo quebrado porque as informações vazaram pela imprensa. Se por acaso o jornalista violou correspondências, computadores, e  processos ou pagou algum funcionário público para obter as informações praticou crime.

Se as informações chegaram a ele copiadas, em um envelope, sem que ele solicitasse, quem cometeu o crime foi o funcionário público que deixou “escapar” as informações. O jornalista tem o direito e o dever de informar a população sobre falcatruas com dinheiro público. É constitucional.

No caso da Inglaterra os jornalistas, se os grampos aconteceram, violaram a lei e a ética profissional. Jornalistas não podem fazer grampos. Apenas a policia pode, e com ordem judicial, e com muito boas justificativas.

Temos o episódio recente, que a imprensa nunca trabalha pelo ângulo didático, devido a um viés “justiceiro”, que foi o caso das investigações feitas pela pela Polícia Federal contra o banqueiro  Daniel Dantas. Tantas fez o delegado Protógenes Queiroz, que investigava o banqueiro que, ao final, o processo, depois de enorme gasto de energia e verbas públicas, acabou anulado, devido às falhas cometidas pelo delegado ao proceder as investigações.  

Houve escuta indevida, uso de policiais não autorizados pelas chefias, ações fora do conhecimento da hierarquia. Tudo parecendo um trabalho de “justiçamento” contra um banqueiro. Esse é o ponto: por maior bandido que fosse Daniel Dantas, as leis valem para todos. 

Se o delegado pode grampear sem ordem legal, então o jornalista pode roubar um computador para ver o que tem dentro, e um policial sem paciência para a investigação normal, que é sempre trabalhosa, pode apertar os testículos de um preso com um alicate para que ele fale mais rapidamente. Afinal é para o bem de todos, não é mesmo? Democracias não se constroem assim.

Quanto aos News of The World o primeiro-ministro David Cameron disse que é “nojento que isso tenha acontecido”. Os familiares estão aborrecidos e sentem-se invadidos, pois é algo absolutamente fora do comum e degradante.

A polícia de Londres confirmou que está investigando o caso, enquanto o primeiro-ministro britânico, David Cameron, prometeu um inquérito público sobre o caso, assim que a investigação foi concluída. "É absolutamente nojento que isso tenha acontecido", afirmou o premiê durante debate emergencial sobre o caso no Parlamento britânico.

Graham Foukes, que perdeu o filho nos atentados disse à BBC que a ideia de que as conversas dele e sua família estavam sendo monitoradas após o ataque é ''horrenda'' e disse que gostaria de ter "uma conversa" com o magnata australiano Rupert Murdoch, dono da News Corporation (News Corp) e do tablóide. 

Parece que a pratica é antiga, apesar de absurda. Clarence Mitchell, o porta-voz do casal Kate e Gerry McCann, pais da menina Madeleine, desaparecida em um resort em Portugal em 2007, disse ter sido informada pela polícia a respeito da investigação sobre os grampos telefônicos.

"News of The World", é o jornal mais vendido aos domingos na Grã-Bretanha, com uma circulação média de quase 2,8 milhões de exemplares, integra a News Corp., um dos maiores conglomerados mundiais de mídia. Os negócios do grupo envolvem TV, cinema, jornais e publicidade. A News Corp. é dona dos jornais britânicos "The Sun" e "The Times", do americano "The Wall Street Journal" e da rede de TV americana Fox.

Políticos estão pedindo o boicote ao "News of The World" e a montadora Ford já anunciou que deixará de anunciar no jornal enquanto as investigações sobre os grampos não forem concluídas.

Informações da imprensa.

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