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sexta-feira, 8 de julho de 2011

VOCÊ TERIA A CORAGEM DE PASSAR UMA SEMANA NO INFERNO? Muita gente paga para sofrer na sinistra prisão de Karostas, na Letônia. Água gelada, interrogatórios no meio da noite, celas imundas. Como um povo que já foi escravo dos comunistas brinca com o seu terrível passado.

Você gosta de aventuras exóticas? Quer viver ou contar experiências que poucas pessoas poderiam ter? 

Então vou lhe fazer uma sugestão irrecusável: Passe uma semana como prisioneiro da Prisão Naval de Karostas, na Letônia. 

Mas não vá para lá sem fazer uma checagem antes. Seja sincero consigo mesmo, não minta. Pois não quero reclamações depois.

Você água gelada, ou ficar dias sem tomar banho? Tem nojo de banheiro imundo? Já dormiu em celas apertadas? Alguma vez comeu a gororoba feita em uma prisão? Alguém já te interrogou no meio da madrugada? Pense bem antes de responder.

Ah! Mais uma pergunta: você ainda pagaria para viver isso? 

Se você pensou bem sobre o assunto, e não ficou com muito medo, então lhe recomendo o passeio. 

Você é um sortudo ou sortuda se acha que pode suportar tanto sofrimento e ainda chamar isso de férias. 

Mas esse é o verdadeiro espírito de uma temporada de férias na sinistra prisão de Karostas.

Vou te contar mais um pouco. Paciência.

Se você,  caro leitor, cara leitora, tem mais de 40 anos, certamente estará bem lembrado de tudo o que aconteceu no final dos anos 80, quando caiu o muro de Berlim e quando desmoronou a União Soviética.  

A União Soviética tinha uma séria de países amarrados à velha Rússia, girando à sua volta como satélites. Um desses países era a Letônia, pequeno país às margens do gelado Mar Báltico. Se você é jovem, e nasceu em 1991, ou depois, tudo poderá parecer meio nebuloso, antigo, mas isso vai depender da qualidade das aulas de História que você teve. 

Mas, aos mais jovens e aos menos jovens, uma coisa é certa. A prisão de Karostas, na cidade de Liepja, a terceira maior cidade da Letônia, foi construída no início do Século XX, para ser um hospital.

Veja que destino curioso para um edifício. Foi criado para ser um lugar onde pessoas que sofrem era levadas para buscar a cura. 

Logo após o domínio comunista hospital foi transformado em prisão, um local que produz sofrimento que você não pediu. 

Agora (desde 1997) quando acabou a prisão, no edifício funciona um hotel, no qual você paga para sofrer. Não é o máximo?  

Qual o sentido de transformar um presídio em um hotel, e qual o sentido de pagar para ser tratado como um prisioneiro?

Já imaginaram se, ao invés de demolirem o Carandiru, lugar de tanto sofrimento, o transformassem em hotel e nomeassem o doutor Dráuzio Varella para cicerone? Quanto mau gosto, diriam as ongs esquerdistas. Ganhar dinheiro com um passado de sofrimento? É, talvez fosse de mau gosto estimular pessoas a pagarem para sentir como é uma prisão de perto, mesmo que em fantasia. Mas poderia ser didático. Ou não?

Mas, no caso da Letônia, o passado deles os incomoda. Desde que o país surgiu foram vítimas dos comunistas e dos nazistas (durante a Segunda Guerra). Lidar com bom humor com os fatos do passado pode ser uma boa terapia para os letões. Veja como formos miseráveis! Vejam como ditaduras são cruéis! Assim os comunistas e os nazistas nos  tratavam! Rir do próprio sofrimento pode ser uma boa terapia para enfrentarmos a vida. Estoicismo? Talvez. 

No início, Karostas servia para trancafiar militares indisciplinados. Depois foi destino de revolucionários,  de militares czaristas, de desertores nazistas, de "inimigos do povo" dos tempos de Stálin. Foi muito utilizada pela famosa KGB. Muita gente acredita que, quase um século depois de tão triste vida, Karostas, além dos turistas em busca de sustos
e divertimento, também têm visitantes sobrenaturais. Talvez as almas de seus antigos prisioneiros.

DOCUMENTO

Antes de poder entrar para passar agradáveis momentos em Karostas, o hóspede tem que fazer um contrato, no qual informa saber que poderá passar uns apertos por lá. Os hospedeiros, sempre vestidos de guardas, não querem saber de reclamação se os visitantes forem sensíveis demais. Afinal, voc~e está comprando uma férias numa prisão. Ou num Hotel? Ou numa prisão-hotel? Vá para lá nas próximas férias e decida você mesmo.

Você poderá dormir em colchonetes no chão frio ou em camas de ferro. Nas paredes das celas ainda são visíveis as marcas feitas pelos prisioneiros. Você vai sentir-se um arqueólogo explorando as pirâmides do Egito, ou as ruínas de Machu Picchu. 

Se pagar um pouco mais poderá ter o "pacote completo", com interrogatórios, comida da prisão, limpeza de privadas, e um tratamento pouco delicado como convém a guardas de prisão. Ah!, as celas são úmidas, escuras e podem ter mofo. 

Quem já ficou por lá diz que a experiência é realmente assustadora. é como pagar para passar uns dias no inferno. Talvez muita gente devesse passar uns dias em Karostas, para parar de fazer propaganda comunista. Já nos bastas as prisões normais que temos, que parecem muitas karostas.

Nas próximas férias vá a Karostas, se tiver coragem!



PASSEIO POR KAROSTAS


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