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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

GREVE DA PM NA BAHIA. OU, A DANÇA DOS GENERAIS. Ministro da Justiça nega que general que recebeu bolo dos grevistas tenha sido substituído.

Ao ver a foto do general Gonçalves Dias, ontem, recebendo um pedaço de bolo dos grevistas não gostei muito. Gostei menos ainda da fala do militar, que me pareceu político demais para estar comandando uma operação delicada como o cerco à Assembléia da Bahia, onde estão 300 grevistas policiais militares praticamente amotinados e armados. Mas talvez eu esteja me transformando num ranzinza.



Não discuto que, uma vez que a lei permita, policiais militares façam greve. Mas fazer greve e portar armas, aí já é demais.

A ocupação do prédio, impedindo outras atividades, e expondo terceiros a risco, me parece um absurdo total. Havia grevistas lá dentro com mulheres e filhos. De onde sai a idéia de levar crianças para lugares assim onde pode haver troca de tiros. O mesmo fizeram os bombeiros do Rio quando arrombaram as portas e invadiram um quartel, com larga destruição.

Sem querer comparar os grevistas a terroristas, mas acho uma atitude irresponsável e, no mundo real, usar civis, mulheres e crianças como escudos é uma tática observável no mundo do terrorismo. Acho que os promotores públicos que andam ocupados com algumas coisas menores, às vezes, deveriam intimar quem usa crianças ou leva crianças a lugares perigosos potencialmente.


Ao ser surpreendido por um grupo de grevistas que lhe levou um pedaço de bolo o general Gonçalves Dias deu abraços e até chorou. Há uma foto em que ele aparece limpando os olhos. Por um lado é até bonito ver um general experiente como ele, duro, experiente no trato de questões militares chorando diante de grevistas a quem compete cercar e vigiar.  Por outro, não consigo me esquecer do general de Gaulle, ex-presidente francês que disse certa vez que o Brasil não parecia ser um país muito sério.

Um general em missão, e os militares do Exército estão em missão, não deveria ficar de abracinhos com grevistas. Tanto que hoje (quarta) circularam boatos, e as informações estavam em diversos blogs de jornalistas famosos no Brasil, de que o general havia sido substituído por outro. Talvez mais duro.

Quando recebeu o pedaço de bolo o general Gonçalves Dias, que comanda a tropa que cerca o local, conversou com os grevistas e disse: "Peço aos senhores que se as pautas que estão sendo discutidas pelos políticos e não forem atendidas, vamos voltar a uma negociação e não poderá haver confronto entre os militares. Eu estarei aqui bem no meio dos senhores sem colete. Não vou colocar porque não vai haver combate, não vai haver invasão, não vai ter nada”, anunciou.

Vejam, ninguém gostaria de invadir um prédio ocupado. Mas, e se ocorre um incidente grave? O general vai ficar de papinho e camaradagem com os grevistas ou vai mandar invadir o local? Pelo que li do general, descobri que foi chefe da segurança do ex-presidente Lula e viajou muito oficialmente com ele, inclusive indo a algumas pescarias.

O general parece que aprendeu a arte de uma certa política bem depresssa.

PS.

Quase me esqueci. Ontem as mortes na Grande Salvador já passavam de 120, com as pessoas bastante irritadas com a situação de insegurança total. Não houve acoro entre grevistas e governo. Jacques Wagner não abre mão de punir os grevistas, e eles não abrem mão da anistia.

No meio, como o marisco entre as ondas e as rochas, o povo. O povo, sempre, que se dane.

Esta foi uma nota da coluna da jornalista Cristiana Lobo:
  
O Chefe do Comando Militar do Nordeste, general Odilson Sampaio Benzi, é o novo comandante da operação de cerco aos policiais militares grevistas que estão na Assembléia Legislativa da Bahia. A chegada dele a Salvador para essa missão, que estava sendo comandada pelo general Gonçalves Dias, ex-chefe da segurança do ex-presidente Lula, se dá num momento de mudança na estratégia de enfrentamento aos grevistas.

A partir de agora, o grevista que sair o prédio da Assembléia para para ser medicado não poderá retornar e não serão mais oferecidos aos grevistas alimentos, água e medicamentos.

Na segunda e terça-feiras, a estratégia do governo foi a de buscar uma solução negociada com os grevistas. Foi aberta negociação mediada pelo bispo de Salvador, dom Murilo Krieger, mas os entendimentos  esbarraram na resistência do governo estadual de aceitar suspender as punições aos líderes do movimento e daqueles que foram flagrados em manifestações portando armas. Os entendimentos não avançaram.

O temor de que o movimento grevista se espalhe para outros Estados em troca da aprovação da chamada PEC 300, que fixa um piso salarial para os policiais militares, ajudou na mudança da estratégia. “O ordem agora é endurecer”, disse um dos envolvidos nas negociações, observando que não mais serão levados alimentos para os grevistas que estão ocupando a Assembléia Legislativa da Bahia.

Na terça-feira, dia em que fez aniversário, o general Gonçalves Dias recebeu um bolo dos grevistas. Ele havia autorizado levar almoço, água e medicamento para os grevistas. Quando os alimentos chegavam, um deles perguntou: “Alguém quer voltar para casa?” E a resposta foi um “Nããão”, coletivo.


GENERAL BENZI
QUANDO GONÇALVES DIAS ASSUMIU NA BAHIA





FOTOS :
A TARDE/AE
TVBAHIA

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