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quinta-feira, 10 de maio de 2012

PRIMAVERAS OFERECEM FLORES, A PRIMAVERA ÁRABE OFERECE APENAS INCERTEZAS, SANGUE, DOR E MORTE. O pesadelo do terrorismo, que a cada dia mais atormenta os sírios, é a prova de que nos paises islâmicos não há lugar para a democracia.



Desde dezembro de 2010, quando começaram as revoltas civis, no norte da África e Oriente Médio, ditadores foram derrubados, e novas ditaduras se estabeleceram, ou estão em formação. Nos bastidores, nas sombras das mesquitas, sempre os radicais islâmicos agindo para impedir que o povo obtenha a liberdade.  

Em dezembro de 2010, a imprensa ocidental e ditos especialistas em política internacional equivocaram-se redondamente ao saudar a chegada da luta pela democracia onde sempre existiu ditaduras.

Este blog tem vários textos sobre esse equívoco. Não que eu não desejasse ver ditaduras transformadas em democracias, com liberdade para homens e mulheres, para que todos pudessem escolher seu partido, sua religião, abster-se de ter uma religião, criticar o governo livremente, acessar tudo o que se produz e produziu no mundo em termos de literatura, arte, cinema, filosofia. Mas a possibilidade de que isso viesse a tornar-se realidade nunca me pareceu viável.

Vários estudiosos do islamismo e de culturas daquela região, como Arnold Toynbee ou Samuel Huntington, cada um ao seu modo, traçam, em suas obras, um retrato em que é impossível não concluir que os dois modelos civilizacionais são incompatíveis. Só não percebe quem não quer.

O Ocidente de bases cristãs, aceita as diferenças e a pluralidade, e recebeu bem a idéia da democracia, embora registrem-se ditaduras, em vários países ao longo do tempo, basta estudar o Século XX. Os islâmicos, por sua vez, não aceitam nada que não seja a ditadura, com ou sem uma visão teocrática.

Isto é, as ditaduras ali são ou monarquias absolutistas, ou ditaduras de partidos únicos como o Baath sírio (um tipo de nazismo árabe chamado de socialismo pelos socialistas ocidentais), com um chefe ditador como Bashar al-Assad; ou ditaduras militares. A tal Primavera Árabe, que prefiro chamar de  Pesadelo Árabe, está demonstrando isso dia-a-dia.

Algum leitor poderá questionar “mas as populações daqueles paises não estão lutando pela liberdade, pelo fim das ditaduras, pela democracia?”. Pois digo, é o que parece, mas não é.

CONVERGÊNCIA/DIVERGÊNCIA

Quando vi as fotos e vídeos de multidões na Praça Tahir, no Cairo, imaginei: “o que cada uma dessas pessoas está buscando, exatamente?” E, naquelas multidões, acreditei estar vendo o fenômeno que levou os analistas ao erro: é fácil termos num momento uma convergência das massas, por algum motivo mais evidente e, em seguida, num outro plano percebermos que os que protestam estão protestando de fato contra a ditadura, mas por razões absolutamente diversas, conforme as visões parciais de alguns segmentos perdidos no conjunto da massa. A multidão uníssona mascara esse fato.  

Com a evolução tecnológica as comunicações tornaram-se mais fáceis criando a ilusão fantástica de apropriação do mundo. Vemos uma multidão pela TV e acreditamos que aquela massa é extremamente unida e conformada. Mas sob essa capa estão indivíduos com suas razões pessoais e de grupo para quererem o fim daquelas ditaduras.

Por certo, por conta de uma certa globalização de valores culturais, da globalização econômica, e outras formas de aproximação, como o turismo e o comercio, muitos cidadãos daquelas ditaduras podem estar pensando em mudar a realidade política repressora para uma forma mais branda de governo, talvez um modelo como o das democracias.

Mas outras pessoas na multidão podem muito bem estar querendo derrubar os ditadores por serem laicos demais, em relação a uma visão islâmica mais tradicionalista. Isso significa que podem haver muitos pontos de vista sobre o que sejam mudanças, naqueles paises.

Pode até ser admitida uma polarização forçada entre os que querem mais liberdade na variedade, sem sair do conjunto de valores islâmicos, como na Turquia, e os que querem mais uniformidade no comportamento, desejando um governo feito por religiosos, como no Irã, por exemplo.

SIRIA

A Síria é, há décadas, uma ditadura laica, com o povo subjugado por um partido único (Baath), que se diz socialista, mas cujo governo passa de pai para filho. Embora alguns segmentos religiosos não majoritários sejam tolerados, e encontrem certa proteção do Estado, não há liberdade na Síria. O pais, aliás, aliado histórico dos comunistas russos, sempre manteve boas relações com grupos islâmicos terroristas que operam na África e Oriente Médio.

Se observarmos bem o desdobramento das revoltas civis na Primavera Árabe perceberemos que os movimentos começaram, de fato, como protestos  contra a repressão governamental, ou as incertezas da economia. Alguns segmentos clamavam por democracia do tipo ocidental. Tais protestos sempre começaram com manifestações de rua e com gente desarmada. Protestos, nada mais.

Diante da resposta repressiva dos governos e da violência de forças policiais ou militares, de movimentos desarmados começaram a transformar –se em resistência armada. Em vários paises, com o crescimento da crise e o aumento das incertezas e da ordem pública em geral, militares e policiais começaram a desertar e passar armas para a população civil. Nos choque da Síria já morreram mais de dez mil pessoas, na maioria civis.

Os governos sempre acusam grupos que agem nas sombras, com interesses escusos. Tanto Assad quanto Muamar Kadafi falaram da presença discreta da AlQaida em seus paises, fomentando os rebeldes, ou lutando diretamente. E a AlQuaida e outros grupos de fato participaram e participam disso, com outros grupos radicias.
Mas os oponentes do governo, os governos ocidentais, e a Opinião Pública internacional acaba achando que é exagero dos ditadores. Então, os governos ditatoriais ficam com um sério problema: como manter a ordem sem usar da violência se o processo de revoltas rapidamente parte do patamar de protestos de multidões desarmadas para resistência armada?

Isso só incrementa a violência geral, pois os governos apelam para o uso da força, até militar, como fez Kadafi e como faz Assad. Os rebeldes, que não formam de fato uma unidade, e que não tem controle de todo os processo de resistência, assistem também surpresos a escalada geral de mortes e atentados. Puro terrorismo.

Os adeptos do terrorismo islâmico, como todos os terroristas, usam suas táticas como explodir carros em praças e locais de movimento para criar mesmo, de propósito, uma sensação de insegurança, fazendo com que a opinião Pública critique a inoperância e a impotência do governo em impor a ordem. Isso gera uma roda-viva, pois o governo reage com violência e, no caso da Síria, força militares ataquem cidades inteiras, como Homs, matando culpados e inocentes, crianças, mulheres, idosos, e destruindo a economia.

Esse é o ambiente propício e esperado pelos terroristas para agirem espalhando ainda mais o terror, até que o país se desgoverne ou o governo caia. O casos de uma guerra civil é o desejado para grupos armados e treinados para tomarem o poder e implantar outra ditadura, desta vez mais cruel, fechada e mais próxima dos governos religiosos como do Irã.

Foi exatamente assim que agiram os terrorista da luta armada no Brasil, que hoje se dizem democratas. Nunca esperaram apenas derrubar a ditadura militar e permitir a volta do curso democrático normal. De certo modo, o que acontece na Síria já aconteceu no Brasil. Num primeiro momento os terroristas perderam a luta para os militares. Com a volta da democracia, que eles não ajudaram a derrubar, ganham posições pelo voto, embora muitos dos tais terroristas não tenham abdicado, por incrível que parece dizer isso em 2012, de seus sonhos totalitários. Estamos sentido isso, por uma série de fatos, no Brasil de hoje.

ATENTADOS

Atentados terroristas mataram 55 pessoas e deixaram quase 400 feridas na periferia de Damasco. A Síria,apesar do governo controlar boa parte do território, está em real guerra civil. E há terroristas operando dentro do pais. Al-Assad diz que a coisa não se limita a revoltas populares de gente desarmada. 

Não gosto dele, mas concordo com ele neste caso. A Síria é alvo de um processo de desestabilização que visa a queda do governo ditatorial do Baath e a implantação de ditaduras ainda mais fechada. Radicais aproveitam a insatisfação popular para derrubar o governo e dar um golpe.

Na primavera da Síria não haverá o perfume das flores, mas o cheiro acre da pólvora e o sabor imensamente amargo da morte.

GUTENBERG J. 

Foto France Presse, Internet

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