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sexta-feira, 29 de junho de 2012

ATAQUES TERRORISTAS ATINGEM SÃO PAULO EM TEMPOS DE ELEIÇÃO? Incêndios, policiais mortos a tiros, misteriosos acidentes no metrô. Há uma curva ascendente de fatos que, talvez, termine na cabeça dos eleitores.


Nas últimas semanas, ouvintes de rádio, leitores de jornais (impressos ou não), e telespectadores, especialmente os da cidade de São Paulo, são atingidos por uma onda de notícias que causam muita preocupação e irritação.

Vejamos. Se o cidadão anda de metrô, não passa um dia sem que uma linha não apresente algum problema qualquer que provoque atraso nas estações sempre lotadas, nos piores horários. Se mora na periferia, não há um dia sem que algum ônibus seja queimado, com ou sem motivo aparente. E, por último, há uma sequência de ataques mortais a postos policiais, como se bandidos de São Paulo tivessem resolvido, de uma hora para outra, acertar as contas com a PM.

O que está acontecendo? Exatamente eu não sei. Aparentemente, exceto os que sabem, e sabem que sabem, ninguém mais sabe. Isto é, os bandidos que cometem tais atos sabem muito bem o que estão fazendo. E se alguém os estimula, idem.

CLIMA DE INSEGURANÇA
O que resulta de tudo isso é um clima de insegurança, um tipo de sorteio em que cada um pode ser o sorteado, muito mais pelo azar que pela boa sorte. O atraso será na linha de metrô que eu uso, perguntará o cidadão? Este ônibus será incendiado ao fim da linha, pergunta a senhora aflita? Tomarei um tiro até o final do expediente?, questionará o... policial em seu posto de serviço?

A vida ensina alguma coisa. Ter vivido nos anos 60 ensina algumas tantas. 

Basta ter lido o Mini Manual de Guerrilha Urbana, de Carlos MArighella, para entender que uma das melhores formas de desmoralizar um governo é produzir atos imprevisíveis, incontroláveis, incertos quanto à execução, e que provoquem muita irritação e indignação no público pela sua gratuidade e violência. Disso resulta à Opinião Pública que o governo é inoperante, e a coloca contra ele. São métodos utilizados desde aos anos 20, na Alemanha!

Creio que o governador do Estado, ao invés de dizer apenas que a polícia está investigando (é claro que a polícia precisa investigar e está investigando!) deve é alertar a população para o que parece ser uma onda de atos terroristas ocorrendo na cidade de São Paulo, disfarçada de atos isolados, em ano eleitoral.

O governador do Estado, que também não é um adolescente, deveria ser claro com a população. Essa clareza é importante neste momento, para não haver confusão. Numa cidade do tamanho de São Paulo, uma dos maiores do mundo, é natural que ocorram alguns problemas em linhas de metrô. Mas todos os dias? Será que isso é normal? É só um "distraído" deixar um casaco cair na porta e o trem não sai da estação. Recentemente lemos que em uma linha foram encontrados sinais de sabotagem. Qual o interesse de alguém fazer um trem tombar ou bater em outro?

Qual o motivo para que uma pessoa ponha fogo em um ônibus?  Em outros tempos grupos faziam protestos e impediam o trânsito, além de queimar ônibus, de modo injustificavel, mas por uma razão qualquer. Aumento de tarifas ou falta de ônibus? E agora? Irritar a população.

Qual o sentido de atirar em policiais, de folga ou não?

Tais atos, senhores e senhoras, como não são avisados antes, e tem a intenção de produzir incertezas, irritação, revolta, é a isso que, em qualquer país civilizado se chama de TERRORISMO. Provocar o medo, o pânico, induzir as massas ao quebra-quebra e ampliar a sensação de insegurança. E quem não quer sentir-se seguro.  

TERRORISMO E LUTA ARMADA

Nos anos 60 ou 70, quando os grupos da luta armada planejavam atacar um quartel, sequestrar alguém, assaltar um banco, ou explodir uma bomba e matar pessoas emitiam algum comunicado antes? É claro que não. 

Quanto maior a surpresa, maior o efeito de propaganda. Como as autoridades poderiam saber onde seria o próximo ato? Como os procedimentos dos terroristas eram brutais, isso levou a uma repressão brutal. Falamos da ditadura.

E se alguém usa hoje os mesmos métodos da luta armada: surpresa e brutalidade? Claro que o povo ficará inseguro e revoltado com o governo.  Ocorre que hoje estamos na democracia, e todos deveriam ter aprendido que métodos terroristas não deveriam ser mais usados.

Mas e se usam? Bem, estamos numa democracia. Numa democracia não é possível torturar suspeitos para que contem quem os mandou fazer isto ou aquilo. Assim, o uso de métodos terroristas em uma democracia mostra o desprezo pelas leis e pela democracia de quem os utiliza.

Quem pratica tais atos? Bandidos comuns? Não sei, e ninguém sabe. Só investigações poderiam dizê-lo. Contudo, o governador deveria ser claro e dizer ao povo: isso que está acontecendo está acontecendo num nível e numa frequência que foge ao normal. É a isso que se chama de Terrorismo. 

Passaria atestado de incompetente? Não, pois o cidadão comum sabe que atos traiçoeiros e convardes podem acontecer e é difícil evitá-los. Bastaria que o senhor governador alertasse para uma evidência, para uma lei, uma estranha lei: em tempos de eleição certos atos parecem pipocar pela cidade gerando medo e revolta, com a precisão de relógio suiço, ou do cometa de Halley. 

Será mera coincidência?


ATÉ JORNAIS VETUSTOS E TRADICIONAIS COMENTAM O ASSUNTO.
LEIAM O EDITORIAL DO ESTADÃO, DE 28 DE JUNHO:


A necessária reação da polícia

O Estado de S.Paulo
28 de junho de 2012

Parece longe de ser simples coincidência o fato de que, mais uma vez em ano eleitoral, São Paulo enfrenta uma onda de violência, que, em duas semanas, já resultou na morte de seis policiais militares fora de seu horário de serviço, ataques contra bases e veículos da Polícia Militar e o incêndio criminoso de pelo menos nove ônibus.

O governo do Estado diz não saber se esses atentados são atos isolados ou se fazem parte de uma ação articulada por organizações criminosas, como ocorreu em 2006, quando boa parte da onda de violência que afetou a capital teve a clara coordenação do grupo Primeiro Comando da Capital (PCC). Na mais recente declaração sobre o problema, o governador Geraldo Alckmin disse que os crimes dos últimos dias teriam sido motivados por vingança ou por reação à ação policial. As autoridades policiais têm repetido essas explicações.

No entanto, o fato de seis ônibus terem sido incendiados em diferentes pontos da cidade num período de apenas 24 horas reforça as suspeitas crescentes de muitos policiais de que os atos dos últimos dias estão relacionados entre si e fazem parte de um plano executado por algum grupo ou por grupos criminosos.

O reforço do policiamento nas ruas, sobretudo na proteção adicional a bases fixas e móveis da Polícia Militar na capital, é providência necessária, mas não suficiente para conter com rapidez e eficiência a série de ataques contra unidades policiais e de atentados contra PMs. Se não forem contidos de maneira enérgica, com seu rápido esclarecimento e a prisão de seus responsáveis, esses atos inevitavelmente se estenderão para outras regiões, gerando mais insegurança na população e dificultando mais ainda a ação repressiva das autoridades policiais.

Embora possam causar transtornos à população, os cones, os cavaletes e bloqueios no trânsito nas proximidades das unidades da PM dificultam a execução de atentados. Também o efetivo deslocado de outros serviços para o policiamento das ruas inibe a ação criminosa. Adicionalmente, o comando da PM está instruindo as patrulhas a adotarem medidas de segurança especiais, como o atendimento de ocorrência em pares de viaturas e cautelas redobradas em operações como as de aproximação de veículos e de pessoas suspeitos.

Desde o dia 12 de junho foram registrados pelo menos nove ataques a policiais militares ou unidades e veículos da PM. Nos últimos dias foram atacadas a tiros duas bases da PM na zona leste da capital. Na madrugada de sábado, bandidos atearam fogo em um automóvel e tentaram lançá-lo contra uma base da PM em Diadema. A polícia conseguiu prender suspeitos de participação direta nos ataques a PMs ou de colaboração nesses crimes.

Merecem análise dos serviços de inteligência da polícia as suspeitas de que criminosos teriam recebido instruções de integrantes de quadrilhas que cumprem pena, o que configuraria uma ação articulada de facções criminosas a partir dos presídios. Um dos detidos nos últimos dias pela polícia cumpriu pena por roubo, tráfico e formação de quadrilha no presídio de Reginópolis, onde é forte a influência do PCC.

No início de junho, uma carta interceptada na penitenciária de Presidente Venceslau continha os nomes dos PMs envolvidos na morte de um criminoso que, com outros parceiros, também mortos, planejava o resgate de um preso no Centro de Detenção Provisória do Belenzinho. Além disso, conversas gravadas pela Polícia Civil sugerem ligação de criminosos do PCC com os crimes.

Em qualquer hipótese, sem um bom trabalho dos serviços de inteligência, a ação policial perde eficácia ou até mesmo o rumo. Se, como acreditam muitos policiais, as ações contra a PM dos últimos dias são articuladas, é urgente descobrir quem as organiza, prender seus responsáveis e impedir que continuem a enviar instruções a outros criminosos - desbaratar a organização, enfim.

O que não se pode é tolerar que, por falta de ação eficiente, a própria polícia, criada e mantida para combater a criminalidade, seja acuada pelos bandidos.

PS: AOS LEITORES. 
EXISTE EXCELENTE LITERATURA SOBRE COMO SURGIRAM O PSS E O CV NOS PORÕES DA DITADURA.

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