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segunda-feira, 18 de junho de 2012

REVISTA DE JORNALISMO DA ESPM TRATA DA CRISE DO JORNALISMO NO BRASIL. A RELAÇÃO ENTRE JORNALISTAS E ASSESSORES DE IMPRENSA É UM DOS TEMAS..

Interessados na crise do Jornalismo no Brasil (e bota crise nisso)  devem ler a Revista de Jornalismo ESPM, versão brasileira da prestigiada publicação Columbia Journalism Review, da Columbia University. 


Há diversos temas interessantes em pauta; mas destaco aqui duas matérias sobre o sério e indisfarçável conflito entre o Jornalismo e a atividade de Assessoria de Imprensa.


À medida em que as mais diversas instituições e empresas começaram a fazer contato direto com o público, pressionando as redações com seus “press-releases”, a área para profissionais de Comunicação cresceu, de fato, mas o Jornalismo, além de outros fatores que não interessam neste caso, foi muito pressionado pela torrente de informações oficiais, acuado, e as redações invadidas por material que, na maior parte das vezes, é publicado sem qualquer crivo ou critério técnico jornalístico. 


O primeiro texto sobre o assunto na revista está à página 34, com o título “A verdade dos Fatos”, assinado por John Sullivan, que analisa detalhadamente o conflito entre o Jornalismo e as Relações Públicas, ao longo do Século XX, especialmente no panorama americano, berço das moderna Relações Públicas.


O segundo, de autoria de Eugênio Bucci, à página 41, tem o título “Papeis mal trocados”, e aborda a tremenda contradição que é o fato de no Brasil haver um desinteresse em estabelecer clara diferenciação entre o que é ser jornalista e o que é ser assessor de imprensa, uma atividade típica das Relações Públicas (Propaganda). 


Comento:
A indiferenciação, que pode esconder inconfessáveis interesses de setores trabalhistas ligados ao Jornalismo, acaba permitindo que o Pais registre a aberração de reunir em um mesmo sindicato profissionais de Jornalismo e assessores de Imprensa.Os veículos jornalísticos passaram, com o tempo, especialmente após os anos 70, a sofrer uma pressão constante e crescente da comunicação proveniente das empresas.


Parte de tais informações deveria estar em anúncios, como matéria paga; parte deveria estar em publicações de propaganda das próprias empresas, como os conhecidos house-organs da Mercedes Benz, da Volkswagen, das empresas aéreas, etc., veículos feitos com técnicas jornalísticas, aparência jornalística, e até com profissionais com larga experiência em Jornalismo.

Mas, de fato, tais veículos, embora mimetizem o Jornalismo, alguns com excelente qualidade editorial, nunca deixaram de ser veículos de propaganda ou Relações Públicas daquelas organizações. É um gigantesco campo de trabalho no Brasil e, de modo geral, assessores podem ganhar bem mais que a média dos jornalistas profissionais de veículos jornalísticos.
Contudo, embora jornalistas trabalhem em tais veículos, a proposta informativa é absolutamente diferente daquela do Jornalismo. O Jornalismo trabalha, essencialmente com informação, notícias, investigações em vários campos, com o contraditório.


As publicações empresariais e institucionais, por mais qualidade que tenham nunca fogem (e nem poderiam) do fluxo unidirecional de informação: dos interesses da empresa, corporação, para os seus públicos específicos ou para a Opinião Pública em geral.

A atividade jornalística está sendo de tal modo aviltada no Brasil que muitas redações aceitam ou fingem não saber que seus profissionais também trabalham como assessores de imprensa ou em assessorias de comunicação que, muitas vezes, alimentam o próprio jornal com informações, num evidente, paradoxal e anti-ético procedimento.

Os campos do Jornalismo Político, Esportivo e de Cultura são dos mais maculados, enfraquecendo a atividade profissional jornalística tradicional.

Voltaremos ao assunto
Gutenberg J.

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