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sexta-feira, 6 de julho de 2012

A ESTRADA PARA A FELICIDADE. A meta não está no fim, está onde você estiver.

CENA FINAL DE TEMPOS MODERNOS (CHAPLIN)
Duas coisas chamam a atenção, atualmente: a verdadeira obsessão pela busca da felicidade e a aparente necessidade de rapidez; tudo deve acontecer de imediato, agora, neste instante, inclusive a felicidade. Tempos estranhos.

Não imagino, e nem proponho, que exista uma data para a felicidade acontecer. Creio que essa seja uma perspectiva absolutamente equivocada de encarar a questão. Ninguém pode dizer: daqui a cinco anos serei feliz. Ou, no domingo serei feliz. Ou, não serei mais feliz. Li certa vez que no futuro tudo cabe.

Levanto pela manhã, olho no espelho e penso; tenho dívidas para pagar. Sinto-me meio incomodado com isso. Não necessariamente infeliz. Incomodado. Mas tudo se resolverá a seu tempo, eu sei disso. Como se alguém acordasse e tivesse um susto ao lembrar: terei uma prova de física daqui a pouco. Feliz, infeliz?

Vou trabalhar e vejo uma luz matinal do sol em maio nos trópicos. Que luz maravilhosa. Como os prédios do centro da cidade ficam bonitos, como os detalhes se destacam com essa luz limpa e transparente. É uma felicidade poder desfrutar de um detalhe tão simples, tão despretensioso, quanto um prédio antigo iluminado por uma luz adequada.

Enquanto fico remoendo meus problemas na padaria com um café com leite e um pão na chapa, penso em como isso é bom e gostoso. Sinto o sabor do pão amanteigado e o cheiro suave do café. Creio que fazer certas coisas do cotidiano com vagar, prestando atenção, é mais significativo e prazeroso do que a pressa poderia propiciar.

Não entendo aquelas pessoas que vão almoçar juntas e entre uma garfada e outra mastigam a solidão olhando para as telas de seus celulares. Digitam, digitam, digitam. Não conseguem isolar-se das conexões nem nas refeições, com amigos!

Há quilos de textos receitando como ser feliz, como ser saudável, essas idiotices politicamente corretas pós modernas. E as pessoas buscam e tentam seguir as tais receitas. Nunca ouviram dizer que não existe esse negocio de ter direito de ser feliz, de sermos infelizes se não formos saudáveis, ou que a felicidade depende de proteínas,  lipídios e glicídios.

Quem for pautar-se pelas matérias com as novidades da ciência sobre o que é ou não bom para a saúde, ou para a obtenção da felicidade, ficará maluco. Um dia café é nocivo, no outro combate o câncer. Comer tomate pode fazer bem na segunda, mal na terça.

Tudo bobagem. Converse com os outros com sincero interesse. Olhe para o mendigo e lhe dê a moeda que pede sem lhe encher o saco com bons conselhos. Você não conseguirá escapar de seus problemas, mas isso não impedirá de sentir-se feliz num momento ou noutro.

Ninguém, mas ninguém mesmo, é constantemente feliz ou infeliz. Isso tudo é um grande besteirol. Leia boa literatura e verá que o drama e a tragédia fazem parte da vida das pessoas.  Usarei chavões, eles são necessários, um sujeito é feliz na periferia mais paupérrima, e um milionário pode sentir-se o sujeito mais amargurado do mundo.

Dinheiro? Claro, pode ajudar, e muito,  não sou idiota. Mas a vida é muito mais que pagar contas. Ou ter coisas novas. Ou alimentar-se com produtos saudáveis.  Apenas viva. Sinta a vida passando. Se sentir-se um pouquinho feliz, já percorreu metade da estrada. Se não, talvez depois da próxima curva. 

Não desanime, é assim mesmo. 

Gutenberg J. 

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