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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

MENSALÃO, RETÓRICA VAZIA, HORÁCIO E O CHICABOM. Como os ministros parecem se encantar com o som da própria voz.

HORÁCIO

Sou leitor fiel do blog do jornalista Reinaldo Azevedo. É um dos melhores analistas de política do Brasil, apenas usando a sua potente capacidade lógica (e informações, claro). 

Por estes dias ele tem esculhambado os senhores ministros que, no STF, durante o julgamento do Mensalão, falam horas e horas, fazendo contornos e mais contornos, rendinhas, ao invés de irem direto ao ponto.

Nossos ministros talvez descendam daqueles políticos falastrões que  impressionavam o populacho inculto e analfabeto do Brasil interior montados em carrocerias de caminhão ou palanques de última hora, usando uma retórica vazia e pomposa.

Ontem Azevedo fez um texto muitíssimo interessante sobre as dúvidas, a agonia, de um ministro diante da necessidade de aceitar ou recusar um Chicabom; de apenas dizer sim ou não.

“...Assim como o poeta (Horácio) não precisa contar a origem das musas e o surgimento do mundo para dizer “eu te amo”, o ministro não precisa percorrer a Suma Teológica para dizer se acredita ou não em Deus.

A impressão que se tem, muitas vezes, é que muitos de nossos ministros, se indagados, na praia, se querem ou não um Chicabon, responderiam de pronto:

A METAFÍSICA DO CHICABOM.
SIM OU NÃO?

— Veja bem… Um Chicabon!!! Mas o que é um Chicabon? É preciso que reflitamos se estamos falando do Chicabon como objeto que se esgota em si mesmo ou se devemos considerá-lo como a manifestação presente de um continuum, de um Chicabon que existe além de si, que é, antes de mais nada, um conceito. Sendo o Chicabon em si uma manifestação temporal — com história determinada — de um Chicabon que existe num outro plano, havemos de considerar que não se trata de uma resposta simples. Na verdade, excelências [referindo-se à mulher e aos netos na praia], escolher o Chicabon que há, que se oferece à nossa experiência, corresponde a renunciar à procura de um Chicabon que é perfeito do mundo das ideias…

— Tá bom, vô! Então toma tipo um de coco!

...Nossa corte não é a única do mundo. Sólidas democracias se construíram por aí. Mesmo que seja para salvar a América, dificilmente um juiz fala mais de uma hora nos EUA. Imaginem, então, falar 3, 4, 5 dias… Reclama-se, e com razão — nem entrarei agora no mérito —, que é excessivo o número e a variedade de processos que chegam ao Supremo, o que é fruto da nossa Constituição, que dá pitaco em tudo. Com alguma licença, por aqui, qualquer coisa vira “matéria constitucional”. Por isso mesmo, nas questões que não são de mérito, nos aspectos periféricos de um processo, é preciso, santo Deus!, aprender a dizer “sim” ou “não” — até porque raramente vi um ministro mudar de ideia só porque o outro decidiu se encantar com o som da própria voz...”

“...Sim, senhores! Quero que os ministros votem com todo o cuidado. Mas convém não confundir prolixidade com profundidade, excesso de citações com evidências inquestionáveis, retórica caudalosa com cultura. Nos EUA, eles deixam para Deus a tarefa de salvar a América. Por aqui, há quem se pergunte intimamente: “Deus? Quem é esse?”.

Por Reinaldo Azevedo

PS. Bem, nesta cultura politéica brasileira talvez os ministros não façam a pergunta acima. Cada um ao seu modo, acredito nisso, deve achar mesmo que é o próprio Deus. 

E essa mania não é só do Judiciário não. Não havia alguém lá em Brasília que achava que era o próprio Zeus?

Por Júpiter!!!  

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