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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O MERGULHO DE RUI FALCÃO EM DIREÇÃO AO ABSURDO. Presidente do PT não gosta do resultado do julgamento do Mensalão.

IMPRENSA, ELITE, OPOSIÇÃO E O JUDICIÁRIO.
TODOS CONTRA O PT


Dizer inverdades não faz bem a ninguém, muito menos ao presidente de um partido político como o PT. Convenhamos, caso os petistas envolvidos no escândalo do mensalão fossem todos absolvidos ao fim do julgamento, o deputado Rui Falcão diria que a justiça foi feita. Ou não?

Como os ministros do STF começaram a condenar os envolvidos naquilo que o PGR chamou de quadrilha, o presidente do partido ataca o Judiciário, a oposição, a elite e a imprensa. Se eles fossem absolvidos, cnsiderando as circunstâncias atuais, então a acusação teria sido injusta ou falha, ou o julgamento um escândalo.

Sendo condenados é perseguição? Petista nunca comete crimes? Não erra, como disse Lula certa vez. Entre os petistas não há mais aloprados? Sempre imaginei que partidos, como igreja, associações, grupos, clubes, fossem constituídos por pessoas. E pessoas cometem erros e crimes. E, muitas vezes, em nome de uma organização. A história tem milhões de exemplos.  

Que modo estranho de raciocinar. Ou melhor, é fácil explicar esse estranho modo de raciocinar: “quem é do meu lado nunca erra, por mais errado que esteja”. Nada mais que uma outra forma de expressar a ideia tão cara à esquerda de que “os fins justificam os meios”.

É sempre a mesma coisa: como estamos convictos de fazer o bem podemos usar qualquer caminho, qualquer atalho, qualquer meio. Tudo nos será perdoado. Embromação pura e simples. É uma forma de justificar os próprios erros e dourar a pílula para enganar incautos.

Ou o regime democrático vale, ou não vale. Se vale, deve-se acreditar na separação dos poderes. Talvez Falcão contasse com um olhar mais meigo, mais afável por parte dos ministros do STF nomeados durante as gestões petistas. Ainda há juízes em Brasília.

Durante anos o PT trabalhou o tema da Ética, como se esta fosse uma propriedade sua. Algo absurdo em si mesmo, mas que pareceu enfeitiçar milhões de eleitores. A Ética não tem donos. Após os primeiros escândalos o então presidente Lula saiu-se com uma tirada muito interessante, apontando o indicador para as falhas e pecados alheios: “todos fazem isso”, disse sobre a corrupção, como se pudesse, com essa afirmação, aliviar os pecados petistas.

Mas o seu partido não era diferente? Não era o proprietário da Ética? Agora, passados tantos anos, o presidente do partido acusa a imprensa, a Justiça, a oposição e as elites (como essas tais elites têm costas largas!...) de perseguirem o partido!

Então a imprensa só era bacaninha quando publicava as acusações e os dossiês petistas contra os adversários.

Então a justiça só é bacana quando é usada pelos petistas para calar seus críticos?

Então a oposição só é boazinha quando vota a favor?

Então as elites são cruéis? Como as elites podem ser cruéis com quem tanto as beneficiou? Perguntem aos banqueiros do Brasil.



Domínio dos fatos

DORA KRAMER


O Estado de S.Paulo - 07/09


Os ministros do Supremo Tribunal Federal têm se notabilizado pela nitidez na forma e no conteúdo de seus votos, em atendimento ao sagrado direito do público de entender o que está em jogo no julgamento do processo do mensalão.

Portanto, é sem prejuízo do reconhecimento a esse esforço do colegiado que se constata a clareza solar do ministro Luiz Fux por ocasião de duas manifestações nos primeiros dos sete itens a serem examinados conforme a metodologia proposta pelo relator e acatada pelo tribunal.

Quando julgava o ponto do qual decorreu a condenação de João Paulo Cunha, Marcos Valério e associados por corrupção, peculato e lavagem de dinheiro, Fux discorreu sobre a questão do ônus da prova argumentando que a presunção de inocência não desobriga o réu de contar uma história bem contada em sua defesa.

Não basta negar a acusação, disse o ministro em termos mais elaborados. É preciso apresentar uma versão verossímil face à realidade "de como as coisas são", para usar expressão da ministra Rosa Weber na sessão de quarta-feira ao analisar a denúncia de gestão fraudulenta contra dirigentes do Banco Rural.

Naquela mesma audiência, Luiz Fux desatou outro nó ao explicitar o papel do banco no esquema: "uma lavanderia de dinheiro" que, por intermédio das agências de publicidade de Marcos Valério, deu suporte a "uma agremiação partidária".

O Supremo Tribunal Federal vai assim há mais de um mês contando uma história que aponta para um desfecho cada vez mais próximo da narrativa da acusação sobre a existência de uma organização criminosa cujo objetivo era arrecadar e distribuir recursos a partidos aliados mediante o uso do aparelho de Estado.

O entendimento da maioria dos ministros guarda léguas de distância da versão da defesa sobre a ocorrência apenas (como se fosse pouco) de crime eleitoral desconectado de uma sistemática de dolo coletivo e até agora segue, em seu arcabouço, a lógica do relator Joaquim Barbosa.

No primeiro capítulo, o STF mostrou o modus operandi de desvio de recursos públicos para as contas de empresas de Marcos Valério - por contratos de publicidade firmados com o Banco do Brasil e com a Câmara dos Deputados - e delas repassados aos políticos, elegendo como exemplo inicial o deputado João Paulo Cunha e os R$ 50 mil retirados em espécie no banco por ordem da agência SMPB.

No segundo capítulo, o Supremo desvendou a montagem de empréstimos fraudulentos no tocante às normas bancárias para ocultar a origem dos recursos. No terceiro, mostrará como o dinheiro foi lavado.

A partir daí, desenrolar-se-á o novelo em que dificilmente deixarão de se enredar os integrantes do chamado núcleo político, beneficiário, mandante e consequentemente dono do domínio dos fatos que resultaram na urdidura de um esquema que a Corte vai reconhecendo como criminoso.

Bicudos. Para que não se faça de Fernando Henrique Cardoso uma vítima eterna dos equívocos do PSDB e se respeitem os fatos, cumpre não esquecer que o então presidente na eleição de 2002 não escondeu a satisfação de incluir em seu currículo o fato de ser sucedido por um "operário".

Se de um lado foi largado pelos tucanos, de outro não impôs reparos ao apoio implícito de muita gente do governo à eleição de Lula nem ao abandono explícito de setores do partido à candidatura de José Serra.

Aí incluídos o presidente do PSDB, Tasso Jereissati, cabo eleitoral assumido de Ciro Gomes, e o então candidato a governador de Minas, Aécio Neves, arquiteto do voto "Lulécio".

Ponto final. A oposição pode ser "suja", a elite "preconceituosa", a imprensa "reacionária" e a Justiça"instrumento de golpistas", como diz o presidente do PT, Rui Falcão.

Mas quem flerta com a possibilidade de ver correligionários na cadeia é o PT.

Texto reproduzido do blog:

Imagem de Rui Falcão de:

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