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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

STF, MENSALÃO E CENSURA. Agora líderes petistas ficam contra a liberdade de expressão.



Quando Roberto Jefferson dirigiu-se a José Dirceu e falou sobre instintos primitivos, os petistas chegaram a pensar que o mandato de Lula estivesse em risco. Mas a oposição, fraca de dar dó, e a imprensa corroída por verbas publicitárias oficiais e pelo deslumbramento de jornalistas esquerdistas para com o governo popular, nada fizeram.

A idéia de um partido salvador, cumprindo uma espécie de missão divina, perpassa o PT e sua mitologia. É um partido organizado e voltado, desde o seu início, a buscar uma hegemonia tal que se confundiria com o Estado e o Governo. Tem uma ideologia totalitária.

Assim sendo, embora use a imprensa como um estilingue para atirar pedras no telhado de vidro dos adversários, ou use a promotoria pública para canalizar suas demandas, detesta e abomina quando a imprensa e a promotoria investigam seus próprios atos.

Há anos ouve-se falar, também, nos tais movimentos sociais. Tais movimentos, de modo geral, nada tem de espontâneos. São criados por meio da canalização de demandas de grupos e minorias e instrumentalizados politicamente. Isto é, dificilmente a sociedade se auto-organiza. Aliás, sociedade é uma abstração. Então, quando surgem movimentos sociais, são apenas grupos de pessoas teleguiadas, dos bastidores, por partidos políticos. O PT controla diversos. É histórico.

Assim, com o prosseguimento do julgamento do Mensalão pelo STF, e com as condenações que pareciam impossíveis no imaginário dos que se julgam acima das leis, pois seriam os detentores de toda a razão do mundo, os petistas dão demonstrações, a cada dia mais evidentes e fortes, de que a democracia como a temos é, para eles, apenas um momento a ser ultrapassado.

Se algum petista é julgado é perseguição. Tudo o que fazem é certo, mesmo o errado, pois estaria imbuído, impregnado de boas intenções. Chegamos ao ponto de vermos lideres do PT questionarem a transmissão ao vivo do julgamento do Mensalão pela TV Justiça! Lemos que a transmissão seria antidemocrática!

Fico imaginando um julgamento semelhante, no STF, em que Paulo Maluf (agora aliado do PT), um líder qualquer tucano, ou alguém que não fosse do PT, estivessem na berlinda. Seria bom ou não para os petistas a transmissão de tal espetáculo?  O que diriam caso alguém quisesse suspender as transmissões?

Gutenberg J.

Assim, dou toda razão a razão a José Roberto Guzzo, que publicou o seguinte artigo na última página da última edição de VEJA:      
    



SÓ COM CENSURA
José Roberto Guzzo

Para o seu próprio sossego pessoal, o ex-presidente Lula, seus fãs mais extremados e os chefes do PT deveriam pôr na cabeça, o mais rápido possível, um fato que está acima de qualquer discussão: só existe um meio que realmente funciona, não mais que um, para governos mandarem na imprensa, e esse meio se chama censura.

Infelizmente para todos eles, essa é uma arma de uso privativo das ditaduras — e nem Lula, nem o PT, nem os “movimentos sociais” que imaginam comandar têm qualquer possibilidade concreta de criar uma ditadura no Brasil de hoje. Podem, no fundo da alma, namorar a ideia. Mas não podem, na vida real, casar com ela. Só perdem seu tempo, portanto, e se estressam à toa quando ficam falando que a mídia brasileira é um lixo a serviço das “elites”; há dez anos não mudam de ideia e não mudam de assunto. Bobagem.

O que querem mesmo é impedir que esta revista (VEJA), por exemplo, publique reportagens como a matéria de capa de sua última edição, com as declarações de Marcos Valério sobre o envolvimento direto de Lula no mensalão. Ficam quietos porque têm medo de que sejam publicadas as fitas gravadas com tudo aquilo que ele disse, e as coisas piorem ainda mais. Mas o seu único objetivo real é este: eliminar as informações que desejam esconder.

Até agora, o plano mais ambicioso que lhes ocorreu para chegar aonde querem foi propor algo que chamam de “controle social” da mídia: não conseguem explicar bem o que seria isso na prática, mas nem é preciso que expliquem. O problema do PT, nessa história toda, é simples: “controle social” é algo que não existe no mundo dos fatos. Na vida como ela é, só têm controle verdadeiro sobre um órgão de imprensa os seus proprietários ou, então, o departamento de censura.

Todo o resto é pura tapeação. Mas é isso, exatamente, que o PT propõe. Já foi feita, de 2003 para cá, uma boa meia dúzia de tentativas para armar o tal controle, primeiro com projetos de lei que morreram antes de nascer, depois com “audiências públicas” e outras esquisitices. Não saiu, até agora, um único coelho desse mato.

Falou-se também da “mobilização de setores populares” para pressionar a mídia, mas não se conseguiu mobilizar ninguém. Manifestações de massa, para o PT de hoje, exigem ônibus fretados, lanches grátis, patrocínio de alguma estatal — e, francamente, não é assim que se faz uma revolução. Muito dinheiro do Erário tem sido gasto na compra do apoio de uma parte da imprensa, através de verbas publicitárias e outros tipos de ajuda: o problema, aí, é que o governo não consegue comprar os veículos que têm mais público. Foram criadas, também, brigadas de “blogueiros” que recebem uma espécie de “mensalinho” para falar a favor do governo e contra quem faz críticas a ele; ninguém parece prestar atenção no que dizem.

Inventou-se, ainda, uma “TV Brasil”, emissora que serve para apoiar as autoridades e é sustentada com dinheiro público em estado puro. Em cinco anos de funcionamento, sua audiência continua vizinha do zero; a esta altura, talvez tenha mais funcionários do que telespectadores. A questão, em todos esses casos, é que imprensa a favor não adianta nada — o que interessa a quem manda é não ter imprensa contra. Elogios não salvaram uma única cabeça, entre os doze ministros que a presidente Dilma Rousseff botou na rua até agora, nos casos em que foram denunciados por corrupção no noticiário. Não têm resolvido nada no julgamento do mensalão, também revelado integralmente pelo trabalho da imprensa; o STF vem sendo o flagelo de Deus para os réus, triturados um após o outro com sentenças de condenação.

Ditaduras entendem muito bem como se controla a imprensa. Não desejam aplausos: a única coisa que lhes importa é cortar tudo aquilo que não querem que seja publicado. Não podendo fazer isso, o PT fica na gritaria. Ainda há pouco, o presidente nacional do partido, deputado Rui Falcão, disse que a “mídia conservadora” é instrumento de uma “elite suja e reacionária”, e fez uma ameaça: “Não mexam com o PT”. E se mexerem — ele vai fazer o quê?

As coisas que o deputado diz não chegam a obter a nota mínima necessária para ser levadas a sério: não há exemplo na história de situações em que a imprensa tenha mudado de linha por causa de discurseira desse tipo, ameaças vazias ou “pressões da sociedade”. Veículos independentes não têm medo de insultos, “setores populares” ou líderes políticos com popularidade de 80%; o que lhes quebra a espinha é a força armada, e só ela. É melhor, então, o PT segurar a ansiedade.

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