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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A SECA NORDESTINA, AS MENTIRAS DA PROPAGANDA, O BRAVO SERTANEJO E AS METÁFORAS DAS DORES DO SERTÃO. Até quando nossos políticos enganarão o bravo povo do sertão, das caatingas? Já não basta de tanto engano e maldade?




A seca é uma constante no Nordeste.
A dor não é uma hipótese.
As lágrimas também secam, e enganam quem pensa que não choram os sertanejos.

Eles choram, sim, quando seus filhos morrem, quando falta alimento, quando perdem o pouco que plantaram.

Choram quando seus animais, o gado, enlouquecem de sede e de fome.

Quando andam léguas e léguas em busca de água e encontram poços e açudes secos.

Quando encontram os bois, vacas e bezerros transformados em tapetes de pele no chão rachado e quente.




Nenhum homem quer deixar a sua terra.
Nenhum sertanejo quer fugir da seca e ser humilhado em outras plagas.
Mas a fome, a miséria, o empurram para terras estranhas, onde ajudam a construir o futuro.

Mas perdem o passado. Ou trazem um passado triste e sombrio.

Há mais de cem anos escutam promessas, enganos, mentiras.

Chegam os demagogos e prometem a água, o sangue da vida. 

Mas a terra é sempre a mesma tórrida e sovina porção que nada frutifica.
Mar de peles e ossos.

Deserto de vida e dor. Mar de promessas que, a cada véspera de eleição, os “coronéis” antigos e modernos, despejam em seus corações empedrados e curtidos no sofrimento.

Desde Getúlio o Nordeste poderia estar afogado em água se
poços artesianos, açudes, reservatórios, tivessem sido realmente construídos com o sofrido dinheiro do nosso povo.

Nadariam felizes nessa água os sertanejos, criando o gado, plantando seu alimento, sem ter que amargar nas noites quentes e secas o pesadelo do pau-de-arara, as longas viagens para o desconhecido.

Famílias de coração de pedra, lâminas do Mal, poços de maldade.

Explorando ano a ano, década a década a esperança que, apesar de tudo, de tanta dor, ainda escorre em um filete de suas almas e corações, o coração dos sertanejos.

Enriquecem essas famílias, vendendo ilusões, trocando água por votos, como em outros tempos outros coronéis trocavam votos por pares de botinas. Vampiros do povo pobre, exterminadores de gente, demônios da seca.

E os há os modernos, falsos arcanjos do Bem que distribuem bolsas em troca de votos, que permutam sonhos de uma vida por quatro anos de humilhação.

O pior é que os tais vampiros, muitos deles, vieram da seca ou a conhecem de perto; mas perderam a memória. Talvez o sofrimento os tenha transformado em animais, em feras.




Mas creio, no fundo, que não.

Há os que sempre nascem humanos, na alegria e na dor, e os canalhas, as hienas, os carcarás da dor alheia, que os exploram até que suas carcaças caiam na terra e se transformem em tapetes, para serem mais uma vez pisados, humilhados e cuspidos.

Nem a morte cruel lhes dá descanso.

MENTIRAS DA PROPAGANDA





SERTANEJOS RECLAMAM




ASA BRANCA – LUIZ GONZAGA



Asa Branca

Luíz Gonzaga

Composição: Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira

Quando oiei a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu preguntei a Deus do céu,ai
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de prantação
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
"Intonce" eu disse adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar pro meu sertão
Quando o verde dos teus óio
Se espanhar na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração




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