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domingo, 22 de setembro de 2013

A MORTE NÃO MANDA RECADOS. Mas, e quando ela seduz alguém para matar inocentes, como no caso dos pais que mataram seus filhos, em Cotia e no Butantã? O que a Morte teria dito para convencer Claudinei Pedrotti e Mary Vieira Knorr a fazer o que fizeram?



MARY VIEIRA KNORR, SUSPEITA PELA MORTE DE DUAS FILHAS E DE UM YORKSHIRE


Você tem filhos? Você os ama? Você mataria seus filhos? No entanto, por alguma razão inexplicável, por algo sem resposta, alguns pais, até amorosos, foram capazes de matar seus próprios filhos!

Você teria uma resposta, ou uma explicação, para tal gesto tão brutal, chocante, inesperado? Sim, há casos de pessoas más que matam seus filhos em ataques de fúria, mas nos casos de Cotia e do Butantã, das famílias Pedrotti e Victorazo, isso não foi assim, não parece ter sido assim.  

Sempre ouvi que estar vivo é um risco, ou que a cada dia vivido um dia é deduzido de nossa conta. Mas quem pensa nisso? Vivemos, apenas, e ainda fazemos planos para o futuro. Ninguém quer, e nem pensa em morrer.

Mas a Morte nos espreita sempre, ela é matreira, cavilosa, e pode ser cruel.

GIOVANNA KNORR  VICTORAZZO, 14
Evidentemente, levamos a vida olhando adiante, esquecendo problemas e perseguindo sonhos, ou tentando escapar das nossas rotinas, que podem ser também tão massacrantes.

Jovens e crianças não costumam pensar assim, ou sentir o peso das rotinas repetitivas dos adultos, que estão preocupados em ganhar a vida. Crianças brincam, sonham, fabulam, usam a imaginação em seus jogos. Esperam as datas para ganhar presentes, o aniversário, o dia das crianças, o Natal, a visita de parentes que trazem doces e guloseimas.

Jovens mergulham na bolha da Internet, se perdem na rede, e gastam mais tempo com amigos virtuais que em encontros de carne e osso. E também imaginam, e sonham, e esperam encontrar estradas planas e retas para seguir na vida.

Qual criança, ou adolescente, esperaria encontrar a morte dentro de casa, pelas mãos dos próprios pais?

PAOLA KNORR VICTORAZZO, 13

A morte dos filhos como proteção contra as durezas da vida?

O que leva um pai, uma mãe, a matar os próprios filhos? Vergonha da situação econômica? Vergonha da pobreza? Vergonha do olhar cruel dos outros pela incompetência em sustentar a família? Milhões de famílias vivem na miséria mas, mesmo assim, os pais não matam seus filhos. Acho que atualmente milhões são escravos da imagem. Se falta dinheiro, adeus felicidade. Quanta ilusão! 

Não teria sido melhor tirar apenas a própria vida, caso a pressão fosse tão grande? As crianças não tinham outros familiares? Mas como alguém chega ao limite de ter que tirar a própria vida? É tão grande o isolamento das pessoas hoje em dia?

Perguntas e mais perguntas. Nada de respostas. Fala-se muito em solidariedade, atenção, o outro, caridade. Mas nada disso parece funcionar hoje em dia. Cada um e cada família vivem em bolhas, mundos isolados, invisíveis à atenção do outro. Cada um no seu quadrado, como diz o povo.

HENRIQUE PEDROTTI, 7
O CASO DE COTIA

Claudinei Pedrotti, 39 anos, matou a esposa Suelen Cristina, de 26 anos, seus dois filhos: Pedro Henrique, 7 anos, e Vitória Cristina, dois anos de idade. Ele tinha irmãs, aparentemente bem de vida, conforme ele contava a conhecidos. Ele tinha problema com drogas, mas tentava recuperar-se.

As drogas afastam as pessoas. Mas Pedrotti estava tão envergonhado que não teria sido capaz de solicitar ajuda aos parentes? Será que ele nem pensou na hipótese de deixar que as duas famílias, a dele e a de Suelen, pudessem ajudar a mãe e as duas crianças caso ele decidisse mesmo morrer?

A mente humana é uma caixa preta. A alma um poço de mistérios. Pedrotti, sentindo-se certamente vencido pela vida escolheu não dar a mínima chance à sua família. Quem somos para julgar? Mas aquelas crianças poderiam ou não ter sobrevivido caso tivessem ficado vivas com a mãe e os outros familiares?

Ao ser seduzido pela Morte ele imaginou que ao matar os próprios filhos ele os estaria livrando das durezas da vida? Eles não tiveram a mínima chance de tentar!

Se Pedrotti perdeu a família, conseguiu também morrer. Suas últimas horas devem ter sido um turbilhão de pensamentos contraditórios e dolorosos. A sua dolorosa história está ligada a dívidas e drogas. 

O CASO DO BUTANTà  

Já Mary Vieira Knorr talvez tenha pensado em matar as filhas e morrer em seguida; bem que tentou, mas não conseguiu. Segundo a polícia ela passa por um momento de confusão mental, mas logo voltará ao normal e aí, sim, sentirá todo o terrível peso de sua decisão.   

Suas filhas, Giovanna Knorr Victorazzo, 14 anos, e Paola Knorr Victorazzo, 13 anos, foram asfixiadas pela mãe que conviveu com os cadáveres dentro de casa por uns dois ou três dias, segundo a polícia. Até que, talvez, diante da situação criada, Mary não tenha encontrado outra solução que buscar a própria morte.

Li na imprensa que Mary exercia, de forma ilegal, a atividade de corretora de imóveis – isso, de fato, pouco importa – mas ela tinha problemas sérios com credores, inclusive com passagens pela polícia, por estelionato. Mary não conseguia cuidar da própria vida, pelo que parece, e ironicamente, também não conseguiu morrer.

Mas deve ter usado as próprias mãos para matar Giovanna e Paola, duas adolescentes. Que decisão terrível, que morte horrível!

Contam as matérias da imprensa que as meninas eram queridas na escola, tinham um pai carinhoso que as via frequentemente, pagava as devidas pensões. Elas eram filhas de Marco Antonio Victorazzo com Mary Knorr, da qual ele havia se separado há alguns anos.

Mary tinha dois outros filhos, mais velhos, entre 20 e 30 anos de idade, frutos de casamento anterior, mas que não viviam com ela, mas com contato freqüente com ela e as duas filhas.

Talvez as dívidas de Mary Knorr, calculadas em cerca de R$ 200 mil a atormentassem. Como pagar tudo isso? Como tocar a vida? Como levar as filhas até um futuro melhor?

Mas Mary tomou uma decisão extrema, inimaginável, matar r as duas filhas e depois morrer. Mary foi seduzida pela Morte, que a encheu de planos estranhos, macabros mesmo.

Ela tentou fazer o mesmo que Pedrotti, e não conseguiu. Se essa confusão ou transtorno mental passarem, e ela voltar ao normal, sua vida será um verdadeiro inferno; nunca poderá justificar a morte de Giovanna e Paola.

Se Mary tivesse tirado apenas a própria vida, o que já seria lamentável, as garotas ainda teriam um pai a quem pedir ajuda, carinho, consolo e amor. Ou não?

A Morte, quando age diretamente, nunca manda recados; sempre gera sofrimento e dor, é certo. Mas quando atormenta as pessoas, as seduz, entra em suas mentes, toma sua alma, as ilude com planos macabros, isso pode ser muito, mas muito pior e terrível.

Assombroso, realmente.



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