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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

EXCESSO DE INSULINA MATOU JOAQUIM? ADEUS, JOAQUIM! O corpo do pobre garoto Joaquim Ponte Marques, 3 anos, de Ribeirão Preto, foi enterrado na tarde de hoje (segunda) em São Joaquim da Barra. Havia revolta, perplexidade, tristeza e dor, muita dor. Especialmente por conta da absoluta dificuldade de compreender o que de fato aconteceu ao menino. Desapareceu de casa na madrugada da última terça-feira, sendo encontrado morto, flutuando no Rio Pardo, perto de Barretos, na tarde de domingo.



JOAQUIM PONTE MARQUES.



As histórias são como cebolas, podem ter muitas camadas. A história do desaparecimento e morte do pequeno Joaquim, que morava na tranqüila Rua Brigadeiro Tobias de Aguiar, no bairro Alvorada, na zona norte de Ribeirão Preto, é como uma grande cebola, e cada camada retirada revela, sempre, algo pior que antes. Escavar uma cebola para chegar à camada debaixo é como fazer arqueologia; neste caso, a arqueologia de um crime bárbaro.

Joaquim não desapareceu de casa. 


Joaquim não andou sozinho pelo bairro em uma noite escura.


Joaquim não morreu ao cair no córrego Tanquinho.


Joaquim foi morto dentro de casa, não estava longe da mãe, que dormia.


Joaquim, provavelmente, foi asfixiado.


Joaquim foi levado até o córrego Tanquinho e atirado nas águas sujas e frias,  como se fosse lixo.


Joaquim, a quem todos rezavam esperando que surgisse, rindo e feliz, apareceu morto e flutuando no Rio Pardo, a mais de 120 quilômetros de casa, no município de Barretos. 


AS ESTRANHAS CAMADAS


Primeira Camada


A primeira delas foi a do desaparecimento de Joaquim. Na terça-feira, dia 12, Natália Mingoni Ponte, 29 anos, chamou a polícia e disse que seu filho havia desaparecido misteriosamente de casa, durante a madrugada. 
 

A história, de imediato comoveu as pessoas, devido ao fato do garoto Joaquim, três anos, ser diabético e ter que tomar várias injeções diárias de insulina. Inicialmente foi divulgada a imagem de uma família feliz que dá de cara com um mistério, como num filme de terror.


Joaquim Ponte Marques era filho de Artur Pontes com Natália. Ambos estavam separados há dois anos. Natália vivia agora com Guilherme BaYmo Longo, 28 anos. O mistério era que a casa tinha muros altos, uma cerca de metal pontiaguda, o portão estava fechado a cadeado e o menino tinha 80 centímetros de altura. Além disso era de madrugada, o que uma criança faria no meio da rua?


Segunda Camada


A casa não tinha ninguém além de Guilherme, Natália, Joaquim, e um bebê de 3 para 4 meses, filho do casal. Ninguém ouviu nada. Não houve invasão, não houve arrombamento, aparentemente não houve violência. Como alguém poderia acreditar no desaparecimento puro e simples de uma criança nomeio da noite?


Terceira Camada


Soube-se que Guilherme Longo, técnico em informática, era viciado em cocaína. Soube-se que ele, há alguns anos, estava internado em uma clínica para dependentes químicos; Natália é psicóloga e fazia o tratamento de Guilherme. Em um dado momento houve algo e eles se envolveram sentimentalmente. Não se se antes ou depois da separação entre Artur e Natália.


Mas Joaquim já estava com um ano quando separaram-se. Natália saiu da clínica onde trabalhava,  e Guilherme também, pois foi dado como recuperado por ela. Passaram a viver juntos há dois anos. Há cerca de quatro meses nasceu uma criança filha dos dois.


Quarta Camada


A família feliz. Após a divulgação do desaparecimento de Joaquim surgem informações sobre que Guilherme havia voltado às drogas, destruindo o resultado do tratamento. Depoimentos de vizinhos e parentes à imprensa dizem que a família vivia em harmonia, que o padrasto tratava Joaquim como se fosse um filho.


Mas depoimentos de amigos e parentes podem ser falhos, muito falhos, ou tendem a proteger a imagem familiar.


Quinta Camada


As investigações policiais começam a apontar para contradições entre os depoimentos de Natália e Guilherme. O delegado, com apoio da Promotoria, pede que a Justiça decrete a prisão temporária do casal, para facilitar as investigações, mas o juiz negou, sob a alegação de que os dois estavam colaborando para com as investigações.


Sexta Camada


Guilherme disse que fez o menino dormir, por volta da meia noite e saiu de casa para comprar drogas. Contou que não achou um fornecedor e que voltou para casa. Natália conta que foi dormir porque tinha que cuidar do bebê. Ela acordou às sete para dar insulina para Joaquim e não o encontrou, dando início às buscas. Guilherme disse que quando voltou sem as drogas o garoto dormia.


Sétima Camada


Um excelente cão farejador da PM, conhecido por Apache, cheirou roupas de Joaquim e seguiu uma trilha da casa abeira do córrego. O cão cheirou roupas de Guilherme e refez a mesma trilha! Com o cheiro de Natália ele não seguiu a mesma trilha. Ela não estava com os dois. Guilherme afirmou à polícia que costumava andar muito por ali com o garoto.


Oitava Camada


Neste ponto os leitores já notaram que a história toda é muito estranha. É certo que numa investigação policial qualquer pista, ou hipótese, deve ser seguida, mas há coisas mais e coisas menos possíveis ou prováveis. Não é muito razoável admitir que um garoto de três anos de idade suma de uma casa fechada de madrugada, não?


Nona Camada


A escola freqüentada por Joaquim divulgou que o menino estava já há uma semana sem comparecer às aulas, supostamente devido à diabetes, pois a doença foi descoberta em setembro, e o menino chegou a ficar uma semana em uma UTI hospitalar. 

Nesse tempo, alguém viu o menino em casa? Ele estava bem?


Décima Camada


Os parentes do pai de Joaquim, Artur, começaram a questionar um certo desleixo por parte de Guilherme e Natália em obter informações sobre a criança na delegacia. Guilherme disse, ao site G1, uma frase que considerei especialmente significativa, embora pudesse ser atribuída ao cansaço, ou à tensão: ...”Joaquim, eu gostava desse menino”. Essa frase no passado caiu nos meus ouvidos como  uma pedra.


Todos os parentes e a mãe referiam-se ao garoto no presente, cheios esperança de que ele fosse encontrado, e vivo! A frase no passado me soou muito mal.


Décima Primeira Camada


Uma vez achado o corpo de Joaquim, no Rio Pardo, em Barretos, tão longe de casa, a perícia constatou que ele não morreu afogado! Então foi morto! Ou morreu por conta da diabetes? Se fosse assim, por que Guilherme e Natália esconderiam o fato?

Quem matou Joaquim?


Décima Segunda Camada


Uma vez encontrado o corpo de Joaquim, e revelado que ele não morreu afogado, a mãe muda o teor dos depoimentos à polícia e à promotoria, e conta que pensava em separa-se de Guilherme, por conta dele haver voltado às drogas e porque ele achava, segundo ela, o menino Joaquim um estorvo entre eles!


Décima Terceira Camada


Contei num dos textos sobre o caso Joaquim, aqui no blog, a história dos leões machos que devoram filhotes de outros leões do grupo quando assumem o comando. Joaquim era filho de Artur. 


Talvez Joaquim doente demandasse muito dinheiro e atenção; talvez a falta de drogas e dinheiro para as drogas o deixassem nervoso demais. Talvez o tratamento de Joaquim tivesse custado caro. Nem sei se com bebê novo Natália tivesse voltado a trabalhar. Assim se destrói uma família.


Décima Quarta Camada


A família não era tão feliz como parecia no início da história. Natália disse ao promotor (está na imprensa) que Guilherme andava nervoso e que um certo dia, muito irritado com o choro do bebê (quatro meses) disse que poderia jogá-lo  na parede para fazê-lo calar-se. Também teria falado em matar-se.  


A polícia divulgou que após o sumiço de Joaquim foram encontradas roupas de cama do menino molhadas com urina. Crianças podem urinar na cama à noite. Isso pode ter irritado muito Guilherme.


Bem, são conjecturas.


A polícia é que terá que investigar e detalhar os acontecimentos.


Somente Guilherme estaria envolvido? (Pode nem estar, alguém pode ter mesmo invadido a casa e matado Joaquim). Natália, antes de mudar o depoimento ao promotor, estaria tentando proteger Guilherme, ou a si mesma? Talvez, apesar das dúvidas sobre ele e as drogas, ela ainda o amasse um pouco. Só o tempo dirá.




A polícia quer saber como Joaquim morreu e quem o matou. Investiga, também se Natália de algum modo estaria envolvida; e buscar saber, ainda, se não foi um erro, por desleixo, na administração de insulina à criança, por falta ou excesso do medicamento nas doses.


Há uma hipótese, indicada pelo promotor, mais macabra, mas não menos possível, ou provável: Guilherme poderia ter dado altas doses de insulina ao menino, para matá-lo. Sabe-se, segundo depoimento de Natália que o padrasto considerava o menino um obstáculo entre os dois. 


Décima Quinta Camada


Uma história é como uma cebola, pode ter várias camadas. A escavação vai revelando fatos que conduzem a um final bem diferente de tudo o que foi imaginado no início. A vida oferece muitas surpresas.


Mas, uma coisa eu digo, e este blog foi feito para isso também: Drogas fazem muito mal à saúde. Drogas matam. Drogas podem fazer matar. Mesmo que Guilherme seja inocente nesta história toda, pensem sobre isso.


Pensem sempre no assunto.

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